Vacina contra dengue tem, mas preço cobrado é alto

Dois grandes laboratórios da capital baiana já receberam o primeiro lote da vacina contra a dengue e começaram a distribuição, mas a procura inicial é considerada tímida pelas clínicas. Motivo: o valor cobrado. Enquanto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda valores entre R$ 132,76 e R$ 138,53, as clínicas de Salvador cobram entre R$ 350 e R$ 400 uma dose.

A pedagoga Cristhina Aragão não tinha conhecimento de que a vacina já estava sendo disponibilizada na cidade. Quando entrou em contato com a clínica que costuma freqüentar, afirmou ter ficado “abismada com o valor cobrado”. “É realmente um absurdo. Estamos passando por uma situação no País extremamente complicada, e estão cobrando um valor muito alto. Fica inviável desta forma. Não tenho conhecimento de outra vacina que custasse tanto quanto essa”, comentou.

Como é necessário que o indivíduo tome três doses para que a vacina tenha eficácia, o soteropolitano terá que desembolsar entre R$ 1.050 e R$ 1.200 para ficar imune. Apesar de noticiar que o consumidor deve ficar atento aos preços da vacina, a Anvisa ressalta que os postos de imunização podem cobrar pelos serviços prestados para aplicação e armazenamento, e que a agência não regula os preços referentes a esses serviços. “Tive dengue em 2008 e não morri. Não vou agora comprometer o colégio, ou até a alimentação dos meus filhos, para pagar um valor surreal como este”, , declarou o comerciante Carlos Fernando Ferreira, 38. “Sei que o certo é pensar primeiro na saúde, mas se aceitamos do jeito que estão querendo, as clínicas vão aproveitar para nos extorquir, porque isso é uma extorsão. É preciso que alguém fiscalize, determine que os preços cobrados sejam repensados”.

Enquanto muitos reclamam, outros não sequer sabiam da existência da vacina na cidade.

“Li há algum tempo que foi aprovado por algum órgão da saúde, mas não sabia que já estava sendo vendida. Se for assim, querem aproveitar do medo coletivo [com a doença] para cobrar mais caro. Pagar R$ 1.200 para não ter dengue é muito caro”, opinou o funcionário público Fábio Matos, 43.

De acordo com regras da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), que é a autoridade brasileira para a regulação de preços de medicamentos, as clínicas e serviços de imunização particulares devem repassar ao consumidor a vacina pelo preço exato pelo qual foi adquirida junto ao fabricante.

O consumidor deve requerer a discriminação do preço cobrado pela vacina e pelo serviço prestado. Se o preço informado para a vacina for maior que o teto máximo estabelecido pela CMED, o estabelecimento estará sujeito a sanções, como multa.

A Anvisa alerta ainda que denúncias relacionadas ao preço da vacina deverão ser encaminhadas para o email [email protected]. Órgãos de defesa do consumidor, como o Procon, Ministério Público e demais entidades civis, também podem ser acionados.

Gestantes estão entre contraindicações

O infectologista responsável técnico pelo setor de vacinação do laboratório Sabin, Claudilson bastos, disse que as pessoas que podem tomar a vacina precisam ter entre 9 e 45 anos.

“Porque os estudos mostram que esta é a população que tem o maior índice de casos, a população de maior risco”, explicou. Ainda de acordo com ele, pessoas que fazem uso de suprimidos e gestantes não podem tomar a vacina. “É uma vacina com vírus vivo atenuado, e toda vacina com vírus vivo atenuado é contra indicado para estes casos. Pacientes que usam corticóide prolongado, que têm alguma doença que da imunossupressão [redução da atividade ou eficiência do sistema imunológico], não é recomendado tomar”, frisou.

Segundo a enfermeira e gerente técnica do Imuniza, do centro de vacinação do Laboratório Leme, Tharita Teixeira, a substância protege contra os 4 tipos de dengue. “Quando você pega dengue, fica imune àquele tipo, mas pode pegar qualquer um dos outros três. Então, se pegou um tipo mais brando, pode pegar ainda o hemorrágico, que é exatamente o tipo onde a vacina se mostrou mais eficaz, com proteção superior a 90%.

Também mostrou que ele tem mais potência em quem já teve algum tipo de dengue”, revelou. Segundo ela, a aplicação pode ser feita após 30 a 60 dias do episódio da doença. Para que haja eficácia, são necessárias três doses em um intervalo de seis meses entre as doses.

*Tribuna da Bahia



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